Candidato a prefeito no município,
Antonio Battisti fala sobre as ações no setor cultural do atual governo josefense. Entre as
questões apontadas, Battisti cita a situação em que se encontra o prédio que
abria o Teatro Adolpho Mello, situado no Centro Histórico de São José.
Prédio, localizado no Centro Histórico de São José, está em situação de abandono. "Trata-se de um descaso com a nossa história", afirma Battisti. |
É relevante que os moradores de São José discutam que o teatro Adolpho
Mello esteja fechado e inativo há mais de três anos?
Battisti: Sem
dúvida que o fechamento do teatro Adolpho Mello é algo que merece ser visto com
extrema preocupação pelos josefenses. Trata-se de um descaso com a nossa
história. O Adolpho Mello foi inaugurado em 1856 e é o terceiro teatro mais
antigo do Brasil. No século IX não havia ainda o cinema e o teatro atraía a
população para as peças em cartaz. O fato de sermos a cidade a ter uns dos
primeiros teatros do país mostra nossa relação mais que centenária com a
produção cultural brasileira. É dessa memória que estamos falando. E ela está
simplesmente sendo desprezada.
Mas ter um teatro apenas como monumento histórico interessa aos cidadãos
de hoje?
Battisti: Eu
não estou falando que devemos restaurar o Adolpho Mello para ser simplesmente
uma fachada, um prédio sem serventia, que só seria útil para fotografia. Ele já
foi restaurado algumas vezes e foi usado como sala de cinema, para
apresentações teatrais, apresentações musicais, apresentações de dança,
oficinas artísticas. O Adolpho Mello, na década de 1960, era um teatro
muito frequentado pela população do Centro Histórico. Ao conversarmos com os moradores
todos têm um história para contar do teatro. Agora veja a seguinte situação: a
cidade tem dois teatros, o Adolpho Mello e o Multiuso, e ambos estão
desativados. É um completo menosprezo à produção cultural. Isso numa cidade que
teve o terceiro teatro do país, ou seja, que foi vanguarda cultural no Brasil.
A conclusão é que nossas autoridades hoje agem menosprezando a produção
cultural local, estadual e brasileira.
Quais as razões que o levam a afirmar que a administração de Adeliana e
Natal deixaram o Teatro Adolpho Mello em situação de abandono?
Battisti: Obras
inacabadas é uma marca desta atual administração. Esta é a primeira
constatação. Depois, da maneira que estão fazendo, onde só um telhado, que
começou a ser refeito em 2016, vai custar R$ 242.808,00, a restauração total
vai ficar realmente impraticável devido ao superfaturamento. Eu quero crer que
por detrás desse abandono não esteja a privatização desse patrimônio histórico
e cultural de nossa cidade. A gente conhece bem essa história de sucatear
primeiro para depois repassar à iniciativa privada à preço de banana.
E o que deveria ser feito?
Battisti: Antes
de tudo ter compromisso com a preservação histórica e a produção cultural. Isso
exige ver o incentivo à cultura como uma obrigação estatal, como um serviço
público essencial ao desenvolvimento humano. Se você pensar que em algum
momento lá atrás as pessoas pegavam suas canoas e atravessavam a baía,
atracavam ali onde hoje é a Câmara de Vereadores, e faziam esse esforço todo
para vir assistir uma peça de teatro no Adolpho Mello, não é difícil imaginar
que poderíamos atrair de uma forma criativa as pessoas a vir frequentar nosso
teatro, se ele estivesse aberto e funcionando, é claro.
E a situação do Centro Multiuso, localizado na avenida Beira Mar, como
está?
Battisti: Carente
de manutenção, bem diferente das instalações que possuía quando foi aberto em
2008. Há denúncias da falta de condições básicas para a apresentação de uma peça
teatral de maior porte. O local também poderia ser utilizado para o incentivo de
apresentações de grupo teatrais da região da Grande Florianópolis, e para isto
entendo que temos que ter taxas reduzidas para incentivar a cultura local.
Quais as principais propostas para a área cultural?
Battisti: Nossa
proposta para a Cultura começa em propor que no mínimo 1% das receitas do
município seja destinado à produção cultural sendo gerido diretamente pela
Fundação de Cultura, que deve ficar separa do esporte e lazer. Outras propostas
são: instituir o Plano Municipal de Cultura; implantar Centros
de Cultura e Memória Popular nas escolas municipais de cada bairro; utilizar
os espaços das escolares para atividades culturais e de lazer, como oficinas de
teatro, artes plásticas, rádio comunitária, cinema, poesia, música e demais
manifestações populares; restaurar o Teatro Adolfo Mello, reformar o
teatro do Centro Multiuso da Beira Mar; construir uma Nova Biblioteca
Pública Municipal em área central e de fácil acesso, firmando convênio com a Biblioteca
Nacional, com serviço de pesquisa à distância.
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